“Dinheiro enfraquece o homem.”
Filmes calcados no velho oeste costuma ser ótimos. Histórias de bons cowboys, bandidos malvados, donzelas em perigo, vingança, amor. Tudo com aquele cenário árido e gigantesco em volta. Filmes calcados no espaço, com alienígenas maus que só querem matar, também costumam ser ótimos. A obscuridade do vasto espaço, a falta de som, o alien horroroso à espreita, toda a tensão. Então trazer essas criaturas para o velho oeste, para enfrentarem cowboys carrancudos funciona maravilhosamente bem, certo? É o queCowboys e Aliens tenta convencer.
A história começa com Jake Lonergan acordando no meio do deserto, sozinho, ferido e com um apetrecho preso em seu pulso. Sem ter a menor ideia de como chegou ali, ele começa a andar, quando se depara com três caçadores de recompensa. Conseguindo se vestir e com um cavalo, Jake marcha em direção a uma cidade e logo arruma confusão com o filho de um poderoso rancheiro. Preso, ele acaba sendo solto para ajudar um pequeno grupo para resgatar os habitantes do rancho que foram abduzidos por OVNIS.
A trama, escrita por doze mãos (seis roteiristas), se mostra extremamente clichê, abusando dos clássicos temas do velho oeste, desde perseguição, desfiladeiro, damas em perigo, explosões até herói brucutu e índios xamãs curandeiros experts. Além disso, há os flashbacks surgindo aos montes ao longo da história e muitos, mas muitos personagens que vão aparecendo durante a aventura. Não há uma apresentação digna para nenhum e tantos seres surgem para logo serem jogados para escanteio. Outro ponto mal feito pelos roteiristas são os próprios aliens. Primeiro: não geram uma surpresa às pessoas do desconhecido. Segundo: não geram antipatia do espectador. E terceiro: indestrutíveis no início, com a fraqueza revelada num ponto x da trama, para logo em seguida ser descartado como se nunca tivessem mencionado.
O herói Jake Lonergan, interpretado por Daniel Craig, está competente no que o papel exige: um homem desmemoriado, brucutu e de poucas palavras e mais ação. É graças a ele que o filme começa bem, numa introdução ao personagem, que mostra como Jake é perigoso, mesmo desarmado. Bem ao estilo de cowboys antigos, a la Clint Eastwood. Seu “antagonista”, o rancheiro poderoso vivido por Harrison Ford se mostra o melhor ator em cena, dando nuances a mais para seu personagem. No começo um simples homem com poder e malvado que, conforme a história se desenvolve se mostra além das aparências e que cria uma aura de admiração em volta dele. Olivia Wilde é apenas uma bela moça em cena, nunca se destacando.
A ação, mesmo sendo bem dirigida por Jon Favreau, apetece de uma tensão ao longo de todo filme. São belas cenas, belas explosões, belos tiros, mas falta uma urgência maior que faça com que os resgatadores agilizem o trote. Em determinado momento falam que “é questão de tempo para matar os abduzidos”, mas levam dias a fio para acharem um caminho.
Desculpe-me, caro Fraveau, mas aqui você pecou feio. Uma mistura de ação, aventura, faroeste e ficção cientifica até poderia dar certo. Mas não deu. Uma história sem desenvolvimento algum, que chega a ofender a inteligência do espectador em alguns momentos, personagens que apetecem de carisma, aliens que mal aparecem e quando aparecem, tanto importa e uma ação bem feita, mas que não causa euforia ou tensão resulta num filme sem identidade, facilmente esquecível. Infelizmente, Cowboys & Aliens não é épico como deveria.
“I don´t want any trouble.”
Cowboys & Aliens, Ação/Faroeste/Ficção Científica, EUA 2011. Direção: Jon Fraveau. Elenco: Daniel Craig, Harrison Ford, Olivia Wilde, Sam Rockwell, Adam Beach, Paul Dano, Noah Ringer, Abigail Spencer, Buck Taylor, Matthew Taylor, Cooper Taylor, Clancy Brown, Chris Browning.
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